A busca por sustentabilidade no ambiente corporativo transcende as políticas de ESG, abrangendo a necessidade de economia, conscientização dos colaboradores, transformação cultural e a preservação ambiental. Para impulsionar essa mudança, especialistas sugerem ações como revisões periódicas de higiene e manutenção, programas de engajamento para colaboradores e a adesão ao mercado livre de energia, visando um progresso sustentável.
Segundo Joyce Araújo da Silva, especialista da consultoria organizacional SOUZAMAAS, empresas devem adotar a revisão contínua de despesas e custos indiretos, como compras recorrentes de papel, que podem ser otimizadas pela digitalização e pelo trabalho híbrido, além de reavaliar itens de higiene, copa, limpeza e manutenções para evitar desperdícios. Para as companhias com altos custos de energia, a especialista recomenda explorar o mercado livre de energia, onde é possível negociar com fornecedores e escolher de quem comprar.
“A comunicação sobre ações sustentáveis deve fazer parte do DNA da empresa se o objetivo for uma implementação efetiva. Isso deve ser incorporado na política de seleção de fornecedores e parceiros comerciais e a companhia também precisa contar com uma agenda específica para tratar desse assunto, planejar as ações e fazer um controle, para que, ao final de um ciclo, possa mensurar os resultados de geração de valor, impacto ambiental e lucratividade”, comenta.
Essa mudança de cultura com relação às práticas sustentáveis já vem sendo notada e exigida por algumas gerações e, consequentemente, desta forma, as companhias podem usar boas práticas pra engajar e reter talentos. O estudo Futuro do Trabalho, feito pela Korn Ferry, desenha bem essa movimentação, quando mais de 60% dos millennials disseram que se sentiriam mais engajados em uma empresa que tenha boas políticas em ESG (práticas positivas em meio ambiente, social e governança).
Vale lembrar que as atividades de ESG, interessadas pelos jovens, impulsionam a adoção de ações empresariais mais conscientes em relação ao meio ambiente no Brasil, alinhando as empresas às novas tendências de mercado, que incluem a exigência de relatórios específicos de ESG, como o IFRS S1, que obriga a divulgação de informações sobre riscos e oportunidades de sustentabilidade junto às demonstrações financeiras, visando atender às demandas dos investidores, com obrigatoriedade para empresas de capital aberto a partir de 2026.
Para engajar os colaboradores nas práticas sustentáveis nos escritórios, a especialista da consultoria SOUZAMAAS, Joyce Araújo da Silva, ressalta a importância de criar programas de incentivos que estejam diretamente ligados às metas e indicadores já que, caso contrário, a continuidade irá se perder. Ela também afirma que é necessário divulgar os resultados que impactam a sociedade, ter células que abordem o tema e, também, programas que ofereçam compensações aos colaboradores participantes como, por exemplo, folga remunerada, bonificação, oportunidade de participar de eventos externos ou visitar outras filiais.
Implementações de curto e longo prazo
Nas ações de curto prazo a empresa pode olhar para o que é mais fácil implementar como a digitalização de processos, revisão de compras e fornecedores, criação de políticas para novos parceiros, soluções de estrutura para economizar água ou energia. Já ações de longo prazo, Joyce diz que essas devem ser planejadas a fim de incorporar a sustentabilidade à cultura da empresa. E, dependendo do segmento, precisam ser compensatórias, como métricas relacionadas ao replantio de árvores, redução de carbono ou descarte inteligente de resíduos.
“Para otimizar a estrutura é crucial comparar os custos atuais com cotações de fornecedores de soluções e produtos sustentáveis, revisando compras para substituir ou eliminar gastos. Além disso, a avaliação de custos complexos, como multas ambientais, rotatividade de funcionários e manutenções por tecnologia obsoleta, é essencial. Para uma visão abrangente do impacto financeiro, recomenda-se projetar a demonstração de resultado, incorporando as reduções de custos no orçamento da empresa”, comenta.
A especialista da SOUZAMAAS ainda ressalta que as empresas menores podem começar a fazer um diagnóstico simples da situação atual e se perguntar quais impactos ambientais geram na comunidade, bairros ou cidades que estão inseridas. Essas ações, segundo ela, devem ser de baixo custo para testar a aderência e se a comunicação está sendo assertiva.
Empresas industriais e comerciais devem considerar as particularidades do seu setor. “Essas companhias podem avaliar como o descarte adequado de resíduos pode trazer benefícios tanto para o meio ambiente quanto para as finanças. A venda de sucata, sobras de produção e outros materiais recicláveis, além de gerar receita, pode proporcionar vantagens tributárias que ajudam a compensar os custos de campanhas de conscientização”, conclui.